- Surdo x deficiente auditivo
Deficiente auditivo é aquele que tem algum grau de perda auditiva mesmo que, em algum momento, tal perda se torne total. Na maioria dos casos, a pessoa já aprendeu a se comunicar por meio da linguagem oral e escutou os sons em algum momento. O surdo, por sua vez, tem total ausência de audição. Ele não escuta nada, sendo que o problema pode ter origem congênita ou não. Isso significa que, em grande parte dos casos, o indivíduo tem o problema desde o nascimento. Como consequência, ele aprendeu a se comunicar de acordo com a Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou outras formas de comunicação não verbais. Alguns autores, porém, definem os surdos como aqueles que se identificam com a cultura surda, se comunicam pela língua de sinais e valorizam e desenvolvem atividades, arte, lazer ou educação voltados para a comunidade surda. Já os deficientes auditivos seriam os que apresentam perda auditiva, mas não se identificam com a cultura surda.
- Libras é a primeira língua dos surdos brasileiros
É importante compreender que a Libras (Língua Brasileira de Sinais) é a primeira língua do indivíduo surdo brasileiro, possibilitando a aquisição da linguagem e estimulando a comunicação. O português deve ser aprendido como segunda língua. Vale lembrar que cada país adota uma língua de sinais – na França, por exemplo, há a LSF(Língua de Sinais Francesa) e nos Estados Unidos, a ASL (American Sign Language), é similar a Libras e ambas tiveram origem a partir da Língua de Sinais Francesa. Estima-se que possam existir atualmente cerca de 200 línguas de sinais em todo o mundo.
- A educação bilíngue é um desafio para os surdos
Tendo em vista que, no Brasil, a primeira língua dos surdos é a Libras (Língua Brasileira de Sinais), uma educação bilíngue, para essa comunidade, significa introduzir também o português como segunda língua na educação. É desafiador, para aqueles que não ouvem conseguir autonomia para escrever bem, de acordo com as normas, e alcançar o nível do ensino superior. Às vezes, uma palavra ou uma vírgula, no português, muda o significado. Então, é necessário uma boa metodologia de base para aprender essa segunda língua . Para ele, essa questão é a maior dificuldade da comunidade surda.
- A falta de acessibilidade comunicacional é um problema grave
O cotidiano de uma pessoa surda é normal, igual a todos. O problema é a falta de acessibilidade de comunicação. Por exemplo: se o indivíduo precisa resolver um problema no banco e pedem que ele faça uma ligação. Mas, ligar não adianta; a pessoa é surdo, preciso pedir para um intérprete. Aí, eles, muitas vezes, não querem falar com o intérprete por questões de segurança porque o cliente é outra pessoa, não entendem que é necessário a ajuda do intérprete no caso. Situações similares podem acontecer em qualquer lugar, inclusive em hospitais, local em que a saúde do paciente depende da troca com os profissionais. O cenário já melhorou muito nos últimos anos, inclusive por causa da tecnologia e centrais de atendimento, mas ainda é uma luta constante contra as barreiras.
- Itens do cotidiano precisam ser adaptados
Os ouvintes podem não perceber, mas há uma série de coisas do cotidiano que precisam de uma adaptação para a vida do surdo. Imaginem que uma pessoa surda tem um bebê. Hoje, a babá eletrônica pode piscar a luz quando o bebê chorar, mas esse recurso não existia antigamente. Quando toca a campainha, por exemplo, o surdo precisa ter uma informação visual para saber que tocou, por exemplo.
- É preciso haver intérpretes e em locais visíveis
Uma grande dificuldade é encontrar intérpretes qualificados em diversas situações como espetáculos, por exemplo, o intérprete é colocado em um canto, onde não fica visível para quem precisa. Nesses casos, há uma falsa noção de acessibilidade.
- O diagnóstico da surdez é mais fácil atualmente
Antigamente, o diagnóstico da surdez demorava muito e, era comum que a família sequer percebesse, nos primeiros meses de vida do bebê, que ele não escutava. Hoje, o avanço em relação a exames foi muito significativo e é possível fazer o diagnóstico precocemente.
- A inclusão na prática ainda não é fácil
A grande questão que a pessoa surda encontra como dificuldade é referente à sociedade não estar preparada para receber o diferente. A inclusão deve acontecer no dia a dia, impedindo que o surdo seja excluído de atividades ou não tenha acesso à informação. É preciso se colocar ao máximo no lugar do outro para que a inclusão seja viável.
Em suma, é fundamental respeitar e apoiar a comunidade surda durante o ano inteiro, não apenas durante o Dia Nacional do Surdo. Preconceito existe, porque há o medo do desconhecido. Mas, se aceitarmos as diferenças e começarmos a conhecer os outros, estas barreiras são quebradas.
Aqui no Brasil, é possível identificar ainda na maternidade se os bebês possuem algum tipo de deficiência através do teste da orelhinha.
Este teste, é feito de forma gratuita pelo SUS e através dele, pode ser iniciado o tratamento caso identificado alguma alteração para melhora do quadro.
A Lei Federal nº 12.303/2010 tornou obrigatória e gratuita a realização do exame e espera-se que todos os hospitais e maternidades do Brasil ofereçam o teste.